No comecinho de dezembro de 2016, mais precisamente no dia 3, a torcida do Fortaleza foi ao Pici escolher o presidente do clube. Em eleições direta, os sócios-torcedores, sócios-proprietários e conselheiros que estivessem adimplentes poderiam votar. A disputa entre o candidato à reeleição Jorge Mota disputava com Renan Vieira e Alexandre Borges o cargo máximo da diretoria executiva do clube.
A torcida votou esperançosa. Ao fim da tarde, o resultado: Jorge Mota era reeleito presidente do Fortaleza com 617 votos. O presidente tinha como objetivo maior o acesso à Série B do Brasileiro. E para isso, começou reformulando todo o time. Depois do quarto ano consecutivo batendo na trave (contra Oeste, Macaé, Brasil de Pelotas e Juventude), o Fortaleza precisava de um novo elenco, um novo estímulo.
Para a confecção do novo plantel, muitos jogadores foram contratados no começo e ao longo do ano. Marcelo Boeck talvez seja o que valha mais a pena destacar. Renascido após o incidente da Chapecoense, o goleiro, que estava no time de Santa Catarina à época do acidente, não chegou a viajar com o clube devido a uma lesão. No Fortaleza, uma nova chance para viver e para jogar futebol. Tão logo, Boeck se destacou pelo seu poder de liderança e pelas grandes defesas apresentadas ao longo das partidas. O capitão caiu nas graças da torcida tricolor.
O ano não foi bem como foi planejado. O Leão do Pici teve um ano daqueles. Tumultuado. O técnico que iniciou a temporada, Hemerson Maria, voltou depois dos três jogos no comando do clube no ano de 2016. Com a missão de comandar o novo Fortaleza, ele falhou. Caiu no décimo primeiro jogo ao ser eliminado da Copa do Brasil.
Para substituí-lo, um velho conhecido da torcida: Marquinhos Santos. Ele que tinha deixado o Fortaleza às vésperas do mata-mata, voltou para comandar o time no que restava de Cearense. Após dez jogos, só vale destacar a eliminação para o Ferroviário, que diga-se de passagem, realizou um ótimo Cearense. Em quatro jogos contra o Leão, não perdeu nenhuma, vencendo duas e empatando outras duas. Com a derrota para o Ferroviário, o Tricolor de Aço ficou fora da Copa do Nordeste de 2018 e o Tubarão da Barra assumiu esse posto.
Série C
Jorge Mota não resistiu à eliminação do Cearense. Com a pressão da torcida, renunciou ao cargo (veja abaixo todos os presidentes do Fortaleza ao longo do ano). Marquinhos Santos foi para fora também. O então presidente do Conselho Deliberativo, Marcelo Desidério, assumiu interinamente o cargo de presidente do executivo. Há pouco menos de um mês, o Fortaleza faria sua estreia na principal competição do ano. A Série C era o que mais importava. Só o acesso valia. E para comandar o time nessa empreitada, um gaúcho que estava nos Emirados Árabes Unidos foi o escolhido. Paulo Bonamigo estava de volta ao Pici (em 2006 já havia treinado o Fortaleza).
A estreia foi em Belém, no estádio do Mangueirão contra o Remo. Naquele jogo, o Fortaleza perdeu pelo placar de 1x0. A campanha do time com o gaúcho no comando time oscilou entre bons e maus momentos. O time chegou a ficar invicto por cinco jogos consecutivos, mas logo depois encadeou uma sequência ruim, que acabou derrubando o treinador com a derrota para o Sampaio Corrêa por 2x0.
Momentos decisivos e Zago no comando
Àquela altura, o Tricolor de Aço estava em uma situação delicada. Nos anos anteriores, o Fortaleza tinha se classificado com mais tranquilidade. Nesta temporada não, lutou até o final e selou a classificação contra o Moto Club ao vencer o clube maranhense por 1x0 com um gol de Ronny, já com Antônio Carlos Zago no comando (confira abaixo todos os treinadores do Fortaleza ao longo da temporada), diante de mais de 30 mil torcedores na Arena Castelão. O Fortaleza estava classificado para o mata-mata, mas iria disputar o jogo decisivo fora, o que nunca tinha acontecido.
E talvez esse quesito tenha sido crucial para o sucesso do time. Mesmo com a temporada ruim, com o elenco contestado, o Fortaleza enfrentou o Tupi, de Minas Gerais, nas quartas e conseguiu uma vitória por 2x0. No jogo de volta, perdeu por 1x0, mas não era suficiente para tirar o Acesso do clube cearense. Depois de oito anos, o Fortaleza conseguiu o tão sonhado acesso.
Aos trancos e barrancos, o clube ainda conseguiu chegar à final da Série C, mas não conseguiu levar o título contra o CSA de Alagoas. A derrota pelo placar de 2x1 no Castelão lotado (44.778 torcedores estiveram presente no jogo) custou caro. No segundo jogo, no estádio Rei Pelé, o Tricolor amargou um empate de 0x0 e não conseguiu reverter o placar, ficando com o vice-campeonato.
Apesar do acesso, o ano do Fortaleza foi bem abaixo do esperado. Eliminado na primeira fase da Copa do Brasil, eliminado nas semi do Cearense e fora do Nordestão e Copa do Brasil de 2018. Só o acesso serviu para salvar o ano do Tricolor de Aço.
Marcelo Paz e Rogério Ceni
Por problemas pessoais, o presidente Luís Eduardo Girão renuncia ao cargo no dia 6 de novembro de 2017. A família dele mora nos Estados Unidos e a distância foi um fator bastante relevante para decisão. De imediato, Marcelo Paz assume o comando, já que era o primeiro vice-presidente.
Como golpe de efeito, o novo dirigente máximo do Fortaleza anuncia um grande nome para o comando técnico do clube em 2018: Rogério Ceni. Antes mesmo de ser anunciado, os rumores rodaram o mundo, sendo noticiado até na China. Sem dúvidas é um nome bastante midiático. Rogério Ceni fez quase toda sua carreira no São Paulo (com exceção da sua juventude, pois começou no modesto Sinop). Levantou vários títulos com o São Paulo: Libertadores, Mundial de Clubes, Copa Sulamericana, Campeonato Brasileiro. Fez parte também do pentacampeonato da seleção brasileira em 2002.
Conhecido por ser um exímio cobrador de faltas, Ceni foi o maior goleiro artilheiro do mundo, recebendo o prêmio do Guinness. Quando encerrou sua carreira como jogador, teve uma breve passagem pelo próprio São Paulo. Um desafio complicado para sua primeira experiência como treinador. Com uma campanha bastante irregular, Rogério foi demitido após 37 jogos, onde obteve 14 vitórias, 13 empates e 10 derrotas.
A aposta do Fortaleza por Ceni veio como uma tentativa de midiatizar o time para o ano do centenário. Uma aposta arriscada já que o técnico não tem tanta experiência como manager. A amizade com o preparador de goleiros do Leão do Pici, Bosco, que foi reserva de Ceni no clube paulista, foi fundamental para a sua chegada à capital cearense.
O marketing para 2018.
Para manter um time na Série B é preciso mais dinheiro. Para manter um técnico como Rogério Ceni também. E como o Fortaleza irá fazer isso?
O gerente do departamento de marketing do time - Kauê Aguiar - fala que o clube possui três pilares: patrocínio, sócio-torcedor e venda de produtos. Segundo ele, a diretoria já possui vários planos para arrecadar fundos para o time e vem trabalhando nisso desde o mês de outubro.
Um patrocínio master com a Caixa Econômica Federal está sendo negociado desde o dia 23 de novembro. O presidente Marcelo Paz se reuniu com representantes da instituição financeira para discutir os termos do contrato. Segundo o jornal Diário do Nordeste, o acordo fecharia em torno de R$ 2,4 milhões com um contrato de um ano. O que seria um aporte financeiro mensal de cerca de R$ 200 mil .
"A sacada de ter trazido o Rogério Ceni foi boa porque é um cara que vende a imagem dele independente do futebol”, afirma. Pela primeira vez, o Fortaleza vende patrocínios exclusivos para a comissão técnica.
O Sócio Torcedor é um dos principais elementos para o incremento de renda do Fortaleza. Com o acesso à segunda divisão, o “boom” foi perceptível. Em setembro, o clube tinha em torno de 7 mil sócios. Em outubro, logo depois de ter subido para a Série B, o clube já estava na casa dos 12 mil. A política do sócio também foi expandida pela diretoria ao anunciarem os planos “Leão Pelo Brasil” e “Leão no Interior”. (Veja o gráfico abaixo)
A venda de produtos licenciados do Fortaleza também é um caminho a ser seguido. Atualmente a diretoria de marketing do clube trabalha em um novo uniforme intitulado Centenarium. Uma nova camisa em alusão aos 100 anos do clube que serão comemorados em 2018. Camisas personalizadas do Rogério Ceni também.
Recentemente o clube também fechou parceria com o Grupo Alices para a abertura de um restaurante com a marca do time. A Cantina 1918 deverá ser inaugurada no ano do centenário. A venda de espaços do canal online do Fortaleza é um projeto pensado. Na TV Leão, já é possível a locação ou compra de conteúdo exclusivo sobre o time.
O Fortaleza também receberá uma quantia de cerca de R$ 5 milhões da Confederação Brasileira de Futebol pela transmissão televisa.
O que deu certo mesmo com um time contestado?
Apesar da ascensão para a segunda divisão, o Fortaleza colecionou fracassos ao longo do ano. Competição após competição, o Tricolor de Aço foi eliminado. Só no primeiro semestre foram três: Campeonato Cearense, Copa do Brasil e Copa do Nordeste. A torcida já vira elencos superiores vestindo o manto vermelho e azul. Desiludida com o time mais abaixo do nível em todos esses anos de Série C, não havia nenhuma previsão de sucesso. E eles estavam corretos. Não foi um ano de sucesso para o Fortaleza, mas foi o ano do Acesso.
“O futebol tem seus caminhos, seus segredos que às vezes mandam a lógica para o espaço”, é o que afirma o jornalista e apresentador Tom Barros quando indagado o porquê desse time tão contestado do Fortaleza ter conseguido o acesso. Para ele, existem dois principais motivos para a conquista: a parte psicológica e a chegada de Luís Eduardo Girão na presidência.
Ter decidido o Acesso fora de casa retirou toda aquela carga psicológica que o time parecia esbarrar nos anos passados. “A entrada do Luís Eduardo foi um dos fatores da mais alta significação para o acesso. Ele modificou a pregação que existia no clube promovendo a harmonia, até mesmo com o próprio rival (Ceará)”. explica Tom.
Já para João Bandeira Neto - editor assistente do caderno Jogada do Diário do Nordeste - o técnico Antônio Carlos Zago soube encaixar uma proposta tática que favoreceu o Fortaleza: fazer o resultado dentro de casa e se segurar lá fora. “Se você for analisar, o Zago não teve um grande campanha com o time, não teve bons números, mas o time soube jogar e crescer de rendimento na hora certa”, afirma Bandeira.
Fortaleza conquistou o acesso, e agora?
Agora na segunda divisão do campeonato brasileiro, o Fortaleza começou a confeccionar o plantel para a temporada de 2018. Já com o técnico Rogério Ceni anunciado, que só deve se apresentar para o início da pré-temporada no dia 26 de dezembro, o clube trabalha nas contratações e renovações. Confira abaixo como está o elenco do time até o momento para a próxima temporada:
Veja os principais marcadores do time durante a temporada:
Goleiro
Goleiro
Atacante
Goleiro
Confira abaixo onde o Fortaleza irá jogar e contra quais adversários: