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Juiz de fora. Criciúma. Distante da capital cearense, os dois principais times do estado elevaram patamar. Na verdade, as equipes sacramentaram uma temporada de eficiência. Puderam garantir um grande crescimento no cenário nacional. No fim das contas, o objetivo principal foi realmente o que valeu. Nada de perfeição durante o percurso, mas com desfecho espetacular.

O caminho sinuoso até cada feito pareceu não contar mais. Subir de série já era uma obsessão antiga. E se tornou uma dádiva para alvinegros e tricolores, torcedores que tiveram vários traumas recentes.

O futebol cearense terá representantes nas duas divisões superiores do futebol brasileiro. Na Série A, o Ceará vai lutar a cada nova semana diante de um clube gigante. Sob o comando de Marcelo Chamusca – uma escolha acertada da diretoria – o clube deu mostras que pode render: a vitória contra o Internacional foi prova.

A equipe cresceu no momento certo dentro da Segundona. Contratou para a disputa atletas com vasta experiência nesse tipo de competição: Elton e Pedro Ken tiveram quatro acessos anteriormente. A mudança de técnico também motivou o grupo. Fez o elenco acreditar no crescimento.

Além de obter mais ‘olhares’ dentro da Primeira Divisão, a renda do Vovô irá crescer vertiginosamente. Só com cotas de TV, em 2018, terá praticamente seis vezes mais que no ano anterior. E pela primeira vez, a Arena Castelão, palco de Copa do Mundo, viverá a atmosfera real do Brasileirão Série A.

Já o Fortaleza conseguiu ser efetivo no clímax da Série C. Para isso, fez uma boa escolha ao anunciar Antônio Carlos Zago como treinador. Experiente e multicampeão como jogador, o ex-zagueiro ajudou a passar tranquilidade aos atletas nas rodadas finais.

A torcida leonina comprovou mais uma vez ser bem apaixonada. Foi praticamente um combustível para o time, sobretudo nos jogos dentro de casa contra Moto Club e Tupi-MG. Mesmo na Terceira Divisão, o Leão garantiu o top 10 de média de público entre todas as séries.

Para o ano do centenário do próprio clube, terá ousadia. Anunciou Rogério Ceni – maior ídolo do São Paulo – como técnico. Uma chegada que já indicou que os holofotes do Brasil inteiro estarão voltados para o Pici.

Foi realmente um 2017 bem relevante, talvez um dos principais da história do futebol cearense em competições nacionais. O estado ainda teve a aparição do Floresta, equipe campeã da Taça Fares Lopes, e que irá disputar a Copa do Brasil pela primeira vez. E o Ferroviário voltou ao cenário de destaque. Com o vice do Estadual, voltará a ter jogos da Copa do Nordeste, Série D e também Copa do Brasil.

Por Lucas Catrib

Futebol de eficiência

O Ano de Prata do Futebol Cearense e sua contribuição para consolidar o Direito ao Esporte

Por Lanna Beatriz

O acesso ao esporte, para além de um preceito constitucional, é um direito de todo cidadão brasileiro assegurado em um amplo leque de instrumentos jurídicos, desde aqueles resguardados pela supremacia da Constituição Federal de 1988, até aqueles que foram criados sob a égide infraconstitucional, como a Lei nº 9.615/98 – conhecida como Lei Pelé. Indiscutivelmente, em meio a esse contexto de luta pela consolidação de tal direito e de, muitas vezes, insuficiência do Poder Público em criar mecanismos para um maior acesso, o futebol é, de longe (e de perto também!), o grande protagonista.

A origem incerta desse esporte em nada prejudica o modo como a veneração por ele se transmite a cada geração, constatando a sua força como uma linguagem universal. O Futebol Cearense, nesse sentido, cumpriu com excelência seu papel em 2017. Transcendendo sua função esportiva, o que se viu nos estádios foi uma verdadeira contribuição para a democratização do acesso ao esporte. O protagonismo de times que tinham pouca visibilidade na capital cearense, como o Floresta Esporte Clube – campeão da Taça Fares Lopes e classificado para a Copa do Brasil 2018 – embalam um cenário propício para a efetivação de políticas que garantam um amplo acesso das diversas camadas sociais ao esporte, ao lazer e à cultura.

Fazendo-se uma interpretação sistemática do artigo 227 da Constituição Federal em consonância com os princípios que regem tal diploma, percebe-se que o Direito ao Esporte deve ser concretizado com a participação não apenas do Estado, mas de toda sociedade. Em um cenário de muitas turbulências na política brasileira, entretanto, o Futebol Cearense reascendeu a esperança de um trabalho conjunto visando a realização de direitos consolidados no âmbito jurídico.

2018, sem dúvidas, será o ano do futebol, e, sobretudo, do futebol cearense. Quem sabe, inclusive, venha o Ano de Ouro com a classificação Fortaleza Esporte Clube para a Série A do Campeonato Brasileiro.

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